O inverno está chegando e com ele além dos resfriados e problemas respiratórios, noto através da minha vivência clínica, o número expressivo de pessoas com torcicolo nessa época do ano. Então convido você para nesta leitura entender as causas, as formas de prevenção e os tratamentos adequados.
Se você já teve torcicolo provavelmente irá se identificar com essa situação; ” Ontem dormi sem dor nenhuma e hoje acordei com torcicolo…” – Trata-se do tipo de torcicolo mais comum, que é denominado torcicolo adquirido. Neste artigo vou abordar especificamente essa forma que surge eventualmente, pois existem pelo menos outros cinco tipos de torcicolo; congênito, dermatogênico, vestibular, neurogênico e ocular.
SINTOMAS DO TORCICOLO ADQUIRIDO
É caracterizado pela dor excessiva e permanente em um dos lados do pescoço, restringindo os movimentos. A sensação é que a cabeça está projetada para um lado e o queixo para o outro, e cada movimento intensifica a dor. É geralmente acompanhada de rigidez no pescoço, inchaço na região afetada e elevação do ombro devido à contração muscular. Em alguns casos temos dor de cabeça, dor nos braços e até náuseas.
!!!Esses sintomas não devem ser tratados como diagnóstico, a consulta com o seu médico é imprescindível!!!
POR QUE ME DEU TORCICOLO, QUAL A CAUSA?
No pescoço temos uma estrutura composta de 16 músculos e geralmente o esternocleidomastoideo que fica próximo a jugular, na lateral, é o mais afetado e o responsável pelos principais sintomas. Outros dois músculos que também podem participar deste quadro são o elevador escapular e os escalenos.
Não há uma causa especifica apenas um movimento brusco é capaz de causar o torcicolo. De modo geral o mesmo surge por um conjunto de fatores que reunimos no decorrer do nosso cotidiano, muitas vezes sem perceber, como por exemplo;
Má postura ao trabalhar no computador
Computador – Tela baixa que força a cabeça, teclado alto que mantem os ombros elevados, cadeira inadequada sem regulagem de elevação e inclinação.
Realização exagerada e repetitiva de movimentos físicos que utilizam os músculos da região do pescoço e ombro.
Má postura ao dormir – muito tempo na mesma posição com travesseiro muito alto ou muito baixo.
Condições psicológicas como estresse e ansiedade também são capazes de tencionar a musculatura.
Ou seja, torcicolo adquirido é a fadiga exacerbada/ cansaço excessivo dos músculos do pescoço e ombros. Nesta condição, que pode levar até a inflamação do músculo, o mesmo assume uma constante contração e rigidez involuntária como sinal de cansaço. Os mais antigos até diziam que o músculo fica “magoado”, fazendo referencia a essa situação de contração permanente.
O INVERNO CAUSA TORCICOLO?
Não, o inverno não causa torcicolo, mas o frio colabora de forma indireta para uma maior incidência de casos nessa época do ano. Vamos entender o motivo;
O pescoço geralmente fica exposto ao frio, a não ser que você utilize um cachecol. Essa exposição causa a contração/ tensão involuntária dos músculos. Numa intensidade praticamente imperceptível porem constante.
Você utiliza casaco e geralmente este representa um peso extra que fora do inverno você não está acostumado (a) a carregar nos ombros. Isso representa um esforço mínimo porem permanente de apoio nos músculos.
Ao dormir você procura se proteger do frio, assume uma posição aparentemente confortável embaixo do seu cobertor, e sem perceber passa a maior parte da noite nessa mesma posição evitando ficar com frio. A permanência prolongada na mesma posição é fator de fadiga para os músculos.
Essas três condições descritas acima, junto com as causas mais comuns que citamos em relação à postura e movimentos exagerados fazem do torcicolo uma condição bastante comum nas épocas de frio.
COMO PREVENIR?
O primeiro passo e também a recomendação mais comum é evitar o estresse a ansiedade e procurar elevar constantemente a sua qualidade de vida com:
Alongamentos diários;
Pratica de atividades físicas para fortalecer a musculatura e melhorar a postura corporal;
Avaliar a condição do seu travesseiro. Esse é um item que tem validade, a altura e consistência devem ser compatíveis com seus hábitos durante o sono. Algumas pessoas dormem de lado, algumas de bruços e o travesseiro mais adequado faz muita diferença;
No computador utilizar cadeiras com ajustes, mesa de altura adequada, monitor elevado na altura dos olhos com a cabeça reta;
Proteger o pescoço do frio. Se mesmo no inverno seu colega de trabalho insiste em ligar o ar condicionado, fique de cachecol;
De preferencia a casacos leves, de malhas fechadas que evitam a passagem do ar gelado e são confortáveis.
JÁ ESTOU COM TORCICOLO, E AGORA!?
Normalmente os sintomas do torcicolo permeiam por até cinco dias. Caso exceda esse tempo é possível que essa condição esteja se tornando crônica e a primeira providencia é sempre ir ao médico. O diagnostico correto é fundamental e não pode ser ignorado por mais que os sintomas sejam claros. As intervenções medicamentosas com analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares podem aliviar as dores e contribuir para a recuperação.
A seguir temos algumas recomendações que ajudam no tratamento;
1° Massoterapia ou Acupuntura: Se a causa da dor é a fadiga do músculo, nada melhor que uma boa técnica de massagem ou acupuntura devidamente realizada por um profissional. As terapias integrativas ou técnicas da medicina oriental tem uma abordagem bastante concisa e focada na principal causa do torcicolo, que é a tensão muscular. Essas técnicas em relação a outros tratamentos, não são invasivas e notavelmente capazes de promover uma redução no nível de dor. Além de promover os estímulos imunológicos necessários e capazes de contribuir e acelerar o processo de cura e recuperação do paciente.
2° Repouso: Não se esqueça que o musculo está cansado e nada melhor que poupa-lo de qualquer esforço.
3° Exercícios físicos e alongamentos: Os mesmos exercícios e alongamentos que você faria para prevenir o torcicolo devem ser evitados quando a condição já é patológica.
4° Colar cervical: Nada confortável, mas extremamente útil para limitar os movimentos e poupar os músculos afetados de qualquer esforço.
5° Compressa: Pode ser feita com uma toalha molhada com água, neste caso quente para relaxar, pelo menos três vezes ao dia durante 30 minutos.
RELATO CLÍNICO
Como fiz referencia a minha percepção do aumento de casos de torcicolo adquirido nessa época mais fria do ano, percepção essa que motivou também a elaboração deste artigo, gostaria de concluir o texto com o meu relato clínico.
Cada paciente que recebo, mesmo que os sintomas do torcicolo sejam evidentes e muito parecidos, procuro através da anamnese e testes de mobilidade identificar o conjunto de fatos que tem relação mais direta com essa condição para traçar o tratamento adequado e personalizado. Na Massoterapia Clínica o primeiro conceito é a individualidade, ou seja, tratamentos exclusivos para cada caso. O tratamento em si segue a associação de técnicas distintas (alternativas e medicina oriental) para obter resultados expressivos em curto prazo e duradouros.
Pacientes que realizam atividades físicas com frequência tem uma recuperação notavelmente mais rápida quando acometidos pelo torcicolo. Portanto, alongamentos e a fortificação dos músculos através de esportes e exercícios é comprovadamente um forte aliado. Pacientes que não fazem exercícios demandam um tratamento com frequência maior, e tem uma recuperação mais lenta. Porem em ambos os casos os resultados obtidos na primeira sessão são muito satisfatórios com redução da dor e aumento de mobilidade.
As técnicas utilizadas na Massoterapia Clínica para o tratamento do torcicolo, conforme perfil clínico do paciente são geralmente; Shiatsu (relaxamento), Ventosas (relaxamento e desintoxicação muscular), Neurocirculatória (estímulos imunológicos) e Acupuntura Japonesa.
Melhoria da circulação sanguínea
Aumento da flexibilidade muscular
Diminuição de dores de tensões musculares
Redução de níveis de estresse físico e emocional
Eliminação de toxina musculares
Relaxamento muscular e bem estar generalizado
Demonstro a aplicação de massagem para dores de cabeça tensional (cefaléia tensional), enxaqueca tensional e mesmo a enxaqueca clássica. Manobra que faz parte de um plano de tratamento que pode ser aplicada de forma simples e funcional. Ajuda também para os casos de agitação mental, insonia e irritabilidades.
Os pontos-gatilho miofaciais (PGMs) são definidos como pequenos nódulos palpáveis que se encontram em faixas musculares tensas que, que podem causar dor espontaneamente , fadiga muscular, estados psíquicos alterados, temperatura ambiente ou mesmo ao se encontrar doente. A fisiopatologia da formação dos PGMs ainda não está bem esclarecida, existindo, portanto, várias teorias que tentam explicar tal processo. A importância do estudo dos pontos-gatilho se dá pela ampla sintomatologia gerada por eles, podendo também se encontrar juntamente com as patologias como também aparentar sintomas que indiquem uma doença inexistente. Exemplo: Pontos-gatilho localizados no glúteo pode indicar uma falsa ciatalgia, se estão na base do pescoço podem provocar falsa enxaqueca.
As vezes os Pontos-gatilho podem ser confundidos com nódulos musculares, que podem conter vários pequenos pontos-gatilhos. Ao todo podemos ter de forma inativa cerca de 1000 deles por todo o corpo.
A figura ao lado demonstra a ação da dor (em vermelho) de pontos-gatilho (bolinhas pretas) que podem se encontrar no músculo Esternocleidomastoideo e Escaleno Anterior do pescoço. A característica principal dessa dor é o que chamamos de dor referida ou seja, é uma dor espalhada pela área.
Pode-se empregar as mais variadas técnicas para desengatilhar os pontos-gatilho tais como Shiatsu, Neurocirculatória, alongamentos, Acupuntura, Moxa e Ventosa. Tanto o Massoterapeuta quanto o Fisioterapeuta treinado para esse problema tem condições para aplicar as manobras necessárias. O mais indicado é a técnica de liberação do ponto-gatilho.
Causas da dor Miofacial:
– lesões nos discos intervertebrais (Hérnia e protusão discal)
– fadiga geral (Estresse)
– movimentos repetitivos
– outras condições (ataque cardíaco, irritação estomacal)
– imobilização (por exemplo, quando se quebra um braço)
-falta de vitaminas e sais minerais que mantêm os músculos saudáveis